A CARGA DO DEUS


Texto litúrgico da religião Wicca.

A CARGA DO DEUS

Ouçam as palavras do Velho Cornífero que é sempre jovem.
Eu sou aquele que abre as portas da vida e da morte, 
os portais da aurora e os portais da noite.

Eu sou Kernunnos e Silvanus e Pan, 
e a música da minha flauta está no ar 
nas verdes florestas e nas colinas de verão.

Minha voz está no vento da meia-noite e debaixo das estrelas 
ela pronuncia as palavras de magia em línguas ancestrais, esquecidas ou desconhecidas.
Eu inspiro o pânico, o medo e o desejo passional.

E apesar de eu mostrar a face de um crânio, 
não haveria a manifestação da vida sem mim, 
pois sem morte não pode haver renascimento.

A vida deve sempre subir em espirais, não pode parar.
Nós não podemos conhecer a luz sem as sombras, 
nem as sombras sem a vida.

Portanto, não me tema, sob nenhum aspecto que você me veja:
a força e poder da masculinidade ou aquele que traz paz na morte.
Eu sou Lúcifer, o que traz a luz, e Amoun, o Escondido, 
que usava os chifres espirais do carneiro na antiga Khem.

Eu sou o Deus de pés de bode 
dos bosques iluminados pelo som da Tessália, 
a presença que era sentida na escuridão das cavernas sagradas 
e na pedra fixa sobre a urze.

Eu sou o poder arrebatador da Vida e aquele que traz a luz: 
mas sem Amor eu não posso criar nada que perdure.
Então eu preciso da Deusa, assim como ela precisa de mim, 
e no Grande Casamento Sagrado, o Êxtase Cósmico, nós somos um.

Então, cultue a minha selvageria, conheça-me e regozije-se comigo, 
irmãos e irmãs da Arte Mágica, bruxas e bruxos, pagãos e bárbaros.

Pois eu trago o poder e a liberação, 
liberdade de espírito que é verdadeira e eterna, 
que ninguém pode negar a você eternamente.

(Por Doreen Valiente, Véspera Samhain, 1997)

P.S.: Para evitar equívocos nas informações, Lúcifer é uma divindade do panteão Romano, correspondente ao Eósphoros Grego.