A RELIGIÃO NA PRÉ-HISTÓRIA


A forma de religiosidade dos povos primitivos engloba o animismo, totemismo, xamanismo.

Muitos foram os elementos xamânicos que estiveram presentes na crença espiritual dos primórdios da humanidade como a crença em um Ser Superior, de caráter celeste, em espíritos divinos, que intervêm na vida dos homens e em suas atividades, os transes extáticos, invocação e domínio do mundo dos espíritos.

Os ritos destes primeiros povos eram na maioria das vezes do tipo socioeconômico (ritos de caça, de pesca, de guerra), notando-se a ausência de um culto especifico a alguma figura divina nominada.

Resumindo, podemos dizer que os primeiros grupos humanos não chegaram a um conceito claro da divindade, menos ainda a cultuar um deus único.
A vida errante, a que foram compelidos pelas condições adversas do clima e pelas continuas lutas entre os grupos, impediram a elaboração mais refinada de suas crenças e o desenvolvimento de um culto específico.
No entanto, nesse passado histórico são encontrados inúmeros vestígios de religiosidade na pré-história. Com o surgimento do homem de cro-magnon, os conceitos religiosos refinaram-se.

Nesse período, encontramos indícios de rituais religiosos como o sepultamento dos mortos. A religiosidade se manifestava nas principais preocupações do cotidiano e no nível de desenvolvimento dos povos. No período paleolítico (100.000 a 30.000 AEC), da pedra lascada, do predomínio da caça, havia a crença numa potência superior e a ela eram endereçadas ofertas para que, em troca, tivessem multiplicadas a caça e a prole. No neolítico (de 10.000 a 5.000 AEC), iniciou a civilização urbana, com a vida sedentária, surgindo problemas de hierarquia social e administrativa e a religião se complexificou na mesma medida.

A idéia de um ser supremo, que se esboçou no paleolítico, começa neste período a ser encoberta por uma série de entidades divinas, mais próximas do homem, representando as forças atmosféricas (os ventos, a chuva, tão importantes na agricultura).
Tanto na época dos caçadores nômades, como na dos agricultores sedentários, há uma vivência de um cosmos sacralizado. O mundo é vivido como algo carregado de valores e significados. Assim, para o homem religioso, o Cosmos 'vive' e 'fala'. A própria vida do Cosmos é uma prova da sua sacralidade, pois que ele foi criado pelos Deuses e os Deuses mostram-se aos homens através da vida cósmica e natureza. Essa vivência parece revelar uma experiência de integração do ser humano com a natureza e uma disposição para conhecê-la.

Provoca uma imagem de um ser humano humilde frente a extraordinária criação do universo e dos seus mistérios.
Para o homem das sociedades arcaicas, tudo era passível de tornar-se sagrado. A vida humana se desenrolava paralela a uma vida sacralizada, do Cosmos ou dos Deuses. Os rituais não eram reservados apenas para determinadas ocasiões ou atividades específicas, mas envolviam atividades rotineiras como: as refeições, atos sexuais, cumprimentos, o acordar e o adormecer.

A religiosidade foi uma maneira, a primeira talvez, através da qual, se construiu um conhecimento sobre os ritmos, ciclos e funcionamento do universo. Os homens primitivos tinham complexos sistemas simbólicos com correspondências micro-macrocósmicas como: a assimilação do ventre à gruta, das veias e das artérias ao sol e a lua. Outro exemplo é a comparação da vida sexual aos fenômenos cósmicos como as chuvas e a semeadura, se dizia que as chuvas fertilizavam a terra.

Na cultura primitiva, antes do aparecimento das cidades e das tribos, na cultura dos povos coletores, a religião servia ao principal propósito de garantir a unidade do grupo e a sobrevivência dos seus membros. Através dela, o homem dá início às reflexões sobre o mistério da vida, fomentada por uma comunicação mais intensa entre os grupos humanos. Na mesma época, surge o totemismo. Nas culturas tribais, as famílias se unem em grupos maiores para segurança e maior eficiência na caça, e na religião se incrementam os ritos de iniciação dos jovens.

Na medida em que a humanidade se desenvolve, a religião acompanha essas mudanças. Quando a população das culturas superiores cresceu, isso exigiu maior organização social, política e religiosa. A religião, então, passou a alcançar maior sofisticação para atender interesses coletivos incorporando então poderes políticos, por exemplo.